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SAIBA O QUE É A TRICOTILOMANIA.

Autor: Dr. Humberto Arruda

03/10/2019

A tricotilomania foi descrita pela primeira vez em 1889, sendo atualmente classificada entre os transtornos de hábito e de controle de impulsos. Os pacientes referem sentir uma urgência ou necessidade incontrolável de arrancar os próprios pelos, principalmente os cabelos, podendo também envolver sobrancelhas, cílios, pelos pubianos ou de qualquer outra parte do corpo. Não raro, os pacientes ingerem os fios de cabelo arrancados ou parte desses, caracterizando a tricofagia, levando a tricobezoar (são corpos estranhos constituídos por cabelos ou fibras impactadas no estômago ou intestino de humanos). Na maioria dos casos estão presentes no estômago e, raramente, atingem o intestino delgado. Tricobezoares são causa rara de obstrução intestinal.

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Em qual idade a tricotilomania é mais frequente?

 

A idade média de início do distúrbio varia entre 09 e 13 anos, apesar de haver um grupo de início precoce, na fase pré-escolar. Quando os sintomas aparecem em idades mais tardias, a tricotilomania é frequentemente associada a outras doenças psiquiátricas como depressão, transtorno obsessivo compulsivo e outros transtornos de controle de impulso.

 

"Ainda não se sabe qual a causa exata da tricotilomania, essa doença que provoca uma necessidade incontrolável de arrancar os fios de cabelo do corpo. No entanto, acredita-se que possa ser o resultado de fatores genéticos e ambientais".

 

 

Quais as causas da tricotilomania ?

 

Ainda não se sabe qual a causa exata da tricotilomania, essa doença que provoca uma necessidade incontrolável de arrancar os fios de cabelo do corpo. No entanto, acredita-se que possa ser o resultado de fatores genéticos e ambientais.

 

Muitos pacientes nesta condição também apresentam quadros de ansiedade generalizada, depressão e transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e transtorno de espectro autista.

 

 

Quais os fatores de risco da tricotilomania ?

 

O que de fato provoca a tricotilomania ainda é uma questão aberta, mas, existem muitos fatores de risco que contribuem para essa patologia se desenvolver. É comum que os pacientes apresentem essa patologia nas seguintes condições:

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A) Estresse

Em pessoas com tricotilomania, esse é um dos fatores de risco, que pode contribuir para que o transtorno se desenvolva ou que se torne ainda mais grave.

 

B) Depressão

Ainda que os pacientes de tricotilomania tenham como maior relação de causa a associação aos transtornos de ansiedade, a depressão também se mostra um dos fatores de risco. A distimia, uma forma de depressão mais leve, também pode desencadear a doença.

 

C) Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)

Além de comportamentos compulsivos, pessoas que sofrem de TOC também apresentam pensamentos obsessivos e, na tentativa de aliviar esses pensamentos, podem começar a desenvolver novos rituais, tais como trancar a porta várias vezes, lavar as mãos compulsivamente, mania de organização, limpeza, entre muitos outros.

 

D) Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)

Nesse transtorno, as pessoas sofrem de uma ansiedade excessiva e contínua. Para que estejam diante de crises, não é necessário estarem em situações específicas, pois o contexto não interfere nos sintomas. A pessoa está ansiosa o tempo todo e não tem poder sobre esse sensação.

 

E) Histórico familiar

Não há estudos conclusivos sobre a sua causa, contudo, a tricotilomania se mostra um risco maior para pessoas que apresentam algum caso da doença em seu histórico familiar.

 

F) Ter entre 09 e 13 anos

A tricotilomania, de modo geral, começa a se manifestar ainda durante a infância e no começo da adolescência, sendo mais comum entre as meninas.

 

 

Quais os sintomas da tricotilomania?

 

1 - Arrancar, repetidamente, fios de cabelo da cabeça, sobrancelhas, cílios e, em alguns casos, de outras partes do corpo. Dependendo do estágio da doença, o paciente pode começar arrancando os fios do cabelo e ir “avançando” para outras áreas do corpo;

 

2 - Sensação de tensão antes de arrancar o fio ou enquanto tenta resistir ao ato;

 

3 - Sensação de prazer ou alívio após puxar os fios;

 

4 - Perdas perceptíveis como áreas do couro cabeludo à mostra ou com cabelo mais curto. Também é possível que as sobrancelhas e os cílios desses pacientes ganhem um aspecto mais falhado;

 

5 - Padrões de fios de cabelo, como só arrancar fios mais crespos e fios brancos;

 

6 - Os pacientes podem apresentar como sinal sempre estarem mastigando ou colocando cabelo na boca;

 

7 - Ficar brincando com o cabelo, passando mechas pelo rosto ou colocando-os na boca;

 

8 - Os pacientes com essa patologia podem demonstrar que estão a todo momento tentando evitar arrancar os cabelos, soltando desabafos de frustrações que não conseguem parar de mexer nos cabelos ou tentando dar tapas em suas próprias mãos;

 

9 - Sensação de estresse ou nervosismo em situações em que terão seus cabelos a mostra, como em cabeleireiros;

 

10 - Sensação de coceira ou formigamento no couro cabeludo, que só é aliviada ao arrancar os fios.

 

11 - Também pode acontecer juntamente a outras manias, como a de morder os lábios ou roer as unhas.

 

 

Como é feito o diagnóstico da tricotilomania?

 

Não existem exames específicos para confirmar a tricotilomania. Diferente de outras doenças, não é possível diagnosticar com tomografias ou exames de sangue, por exemplo.

 

Sendo assim, o médico deve se basear na análise dos sintomas físicos e no relato do paciente. A partir disso, deverá avaliar a quantidade de perda de cabelo e investigar se não há outra doença física envolvida na perda de cabelo.

 

"A tricotilomania é um transtorno psicológico que apresenta sintomas semelhantes aos de um vício. O paciente, nessa condição, precisa buscar no tratamento formas de controlar esses impulsos obsessivos de arrancar os fios".

Tricotilomania tem cura?

 

A tricotilomania é um transtorno psicológico que apresenta sintomas semelhantes aos de um vício. O paciente, nessa condição, precisa buscar no tratamento formas de controlar esses impulsos obsessivos de arrancar os fios.

 

Em muitos casos, a doença é considerada crônica, pois o paciente terá que aprender a lidar com esses impulsos para sempre. Contudo, há casos bem sucedidos em que o paciente não apresenta “recaídas”.

 

Afirmar que existe uma cura é incerto, mas, sim, é possível tratar e conviver com a doença. Assim como é possível recuperar os danos provocados pela condição.

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Como tratamos a tricotilomania?

 

O tratamento de tricotilomania não tem um tempo específico e pode variar para cada paciente. Durante esse processo, o paciente terá que aprender a controlar os seus impulsos, lidar com os sentimentos negativos, encontrar formas de evitar a obsessão e, pouco a pouco, buscar a cura.

 

Para pessoas que tiveram grande perda capilar, também podem ter que passar por tratamentos físicos para recuperar a área danificada pela compulsão provocada pela doença.

 

Podem ser necessários: Terapias, meditação, grupo de apoio, prótese capilar, implante capilar e medicamentos como antidepressivos, antipsicóticos e para estimular o crescimento de cabelos.

Em trabalhos recentes publicados em março de 2019 uma droga que vem dando bons resultados é a naltrexona.

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